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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

LEMBRANÇA QUE TRAZ ESPERANÇA


O livro de Lamentações não tem esse nome à toa. O profeta que o escreveu (é provável que tenha sido Jeremias) estava num sofrimento profundo, uma tristeza imensa, pois Israel havia sido levado para o cativeiro babilônico.
Nele, o profeta relata a desgraça que atingiu a ele e ao povo. A tristeza é evidente. O choro por causa da condição da amada Jerusalém percorre toda a poesia do livro.
Pra todo lado que o profeta olhava, havia apenas coisas pelas quais lamentar. Crianças mortas. Anciões em penitência. Sacerdotes assassinados. Massacres. Sede. Fome. Mulheres se alimentado da carne de seus próprios filhos. Os soldados babilônicos riem de felicidade. O povo sofre. O profeta derrama lágrimas sem fim.
Como, então, encontrar alívio em tempos tão difíceis? Como encontrar esperança? Como saber qual o motivo para estar vivo, mesmo com tanta coisa ao redor dizendo que a vida não vale à pena? Como permanecer de pé, apesar da tristeza que está consumindo até meus ossos?
O profeta nos responde:

Nunca vou esquecer a desgraça, o gosto das cinzas, o veneno que engoli. Lembro de tudo – ah, e como lembro! – o sentimento de chegar ao fundo do poço. Mas há outra coisa que lembro e, ao lembrar, continuo agarrado à esperança: o amor leal do Eterno não pode ter acabado, Seu amor misericordioso não pode ter secado. Eles são renovados a cada manhã. Como é grande tua fidelidade! Eu me apego ao Eterno (digo e repito). Ele é tudo que me restou (Lamentações 3:19-24, A Mensagem).

O profeta, mesmo carregando tamanha dor, mesmo vendo seu povo padecer, mesmo reconhecendo que o Senhor estava derramando toda aquela desgraça, ainda encontrou um fio de esperança. E agarrou-se àquilo. “O amor leal do Eterno não pode ter acabado”. Em outra tradução, está escrito: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis (NVI)”. A certeza do amor de Deus foi o que trouxe esperança em meio à dor.
Quando a vida estiver nebulosa e tudo o que vermos for sofrimento, que a nossa memória lembre do que mais importa: o amor do Senhor não tem fim. Quando tudo parecer fora do eixo e nada fizer sentido, que a chama da esperança, ainda que fraca, possa continuar acesa em nós: o amor do Senhor não tem fim. Quando estivermos destroçados pela tristeza ou confusos por não saber como será o amanhã, que continuemos agarrados a uma certeza: o amor do Senhor não tem fim. Carregue e regue essa semente de esperança até que ela se torne uma árvore imensa em seu coração.



Netto Britto

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